RIO – A safra brasileira de grãos deve recuar 8,4% em 2016, para 191,8 milhões de toneladas, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A nova projeção é ainda 2,1% menor do que o previsto em maio, com 4,0 milhões de toneladas a menos. Se confirmada, a queda será a maior desde 1996, quando a produção encolheu 13,3%.
Em termos absolutos, o recuo de 17,6 milhões de toneladas na passagem de 2015 para 2016, se confirmado, será o maior da série histórica iniciada em 1975, embora isso ocorra em parte porque o tamanho total da safra cresceu muito de lá para cá, como ponderou Alfredo Guedes, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE.
Segundo Guedes, a estimativa no início do ano era de safra recorde em 2016, mas as projeções foram se desfazendo à medida que o clima piorava, sobretudo por causa da falta de chuvas no cerrado, principal responsável pela mudança para uma estimativa de queda. “No início do ano, previsão era ter safra recorde. Houve plantio, mas clima prejudicou a produtividade”, disse Guedes.
Nos cálculos do IBGE, se a safra de 2016 se confirmar nesses níveis, ficará 2,8 milhões de toneladas abaixo da produção de 2014, recuo de 1,5%. Na passagem de maio para junho, a estimativa para a produção de soja ficou 0,3% menor. Já a estimativa para a produção de milho ficou 4,6% menor do que a estimada em maio.
Com quase toda a produção de soja já colhida, a projeção de 96,6 milhões de toneladas deverá se alterar pouco. Essa produção é 0,6% inferior ante 2015. Já a segunda safra de milho continua afetada pelo clima. As quedas em relação a 2015 serão de 14,0% (primeira safra) e 20,1% (segunda safra).
Segundo Guedes, o milho foi mais prejudicada do que a soja porque a produção na segunda safra ganhou relevância. A segunda safra já representa 64,1% da estimativa total de 70,1 milhões de toneladas. Como o clima foi menos favorável na época da segunda safra, o milho acabou mais prejudicado.
A estimativa da área a ser colhida pelos produtores agrícolas brasileiros em 2016 é de 57,6 milhões de hectares, uma queda de 0,1% em relação a 2015, quando foram colhidos 57,6 milhões de hectares de grãos. Em relação à estimativa de maio, a área projetada recuou 0,3%. O arroz, o milho e a soja os três principais produtos da safra nacional – respondem por 87,4% da área a ser colhida e 92,4% da estimativa da produção.
Na comparação com 2015, houve acréscimo de 2,8% na área prevista de soja e redução de 1,2% na de milho. A projeção da área de arroz teve redução de 9,4%. Quanto à produção, houve recuo de 0,6% na estimativa para a soja, de 12,2% para a de arroz e queda de 18,0% para a de milho, quando comparadas a 2015.
Conab. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que faz o levantamento do ano-safra (2015/2016) em vez do ano civil, também cortou o volume da safra de grãos desta temporada, que terminou em junho. A produção brasileira deve alcançar 189,3 milhões de toneladas, uma queda de 8,9%, ou 18,5 milhões de toneladas menor que a anterior, que foi de 207,7 milhões de toneladas. Em relação à pesquisa anterior (196,49 milhões de t), houve diminuição de 7,2 milhões de t, ou 3,7%.
A área plantada manteve-se praticamente estável em comparação com o levantamento anterior e deve atingir 58,15 milhões de hectares, ou 0,4% a mais do que em 2014/15 (57,93 milhões de hectares).
A cultura da soja, responsável por 57% da área cultivada do País, permanece como principal responsável pelo aumento de área. A estimativa de crescimento é de 3,5%, passando de 32,1 milhões de hectares em 2014/15 para 33,2 milhões hectares na safra atual. A produção da oleaginosa deve cair 1%, de 96,23 milhões de t para 95,31 milhões de t nesta safra.
Outro aumento de área ocorreu com o milho segunda safra. A expectativa é de crescimento de 8% (763,8 mil hectares), totalizando 10,31 milhões de hectares. Para a primeira safra, a exemplo do que ocorreu anteriormente, a área foi reduzida em 11,4%, atingindo 5,44 milhões de hectares. A produção de milho na primeira safra está estimada em 26,09 milhões de t (menos 3,99 milhões de t ante a safra anterior, ou 13,3%). A segunda safra do cereal está projetada em 43,05 milhões de t (menos 21,1%, ou 11,5 milhões de t). Com isso, a safra total de milho em 2015/16 deve alcançar 69,14 milhões de t (menos 18,3%).
Outras reduções de área ocorreram também com o feijão primeira safra (8,5%), com 963,9 mil hectares, o feijão segunda safra, com redução de 2,6%, totalizando uma área plantada de 1,28 milhão de hectares e o feijão terceira safra, com queda de área de 13,6%, chegando a 577,5 mil hectares.